segunda-feira, 2 de maio de 2016

Crónicas de um migrante interno

Alguns já passaram por isto, mas para quem não teve essa sorte, passo a explicar para os demais, o sofrimento emocional que é, migrar de uma cidade pequena para uma cidade grande. Esta é, a história do migrante interno...

Mudar de casa, implica automaticamente que uma simples deslocação de carro, não seja uma mera viagem, mas sim uma expedição, quase ao nível do Rotel Tours. Há quem alugue sherpas, mas neste caso até se justificaria alugar antes psiquiatras. Bom, mas não fui por aí... Lá fiz a minha expedição com o carro mais cheio que o estômago de um ex-concorrente do Peso Pesado antes de hibernar. Ora, quando cheguei ao destino, percebi claramente o conceito de turismo "vá para fora cá dentro", pois trata-se MESMO de turismo. E não apenas ao nível da língua, que é diferente, mas de algo mais assustador, tal como quando se vai à Índia e se veem indivíduos a tomar banho e a defecar no rio. Bom, não chegou a tanto, mas ainda assim há espécies aterrorizadoras autóctones de salutar. Diria que a principal é o azeiteiro. Aquele animal que intimida e nunca sabemos se nos pode ou não fazer mal, mas, segundo os especialistas só ataca se tiver fome ou for muito provocado. E foi com tal bicho que encarei na primeira vez que andei de transporte público, fiquei petrificado. Nunca pensei ver tantos azeiteiros a comportarem-se como humanos, é como ir ao zoo e ver macacos fora da jaula entre pessoas! Mas o que é isto senhores? (Mais uma vez: Índia!) Alguém chame os tratadores! Depois, ao caminhar pelas ruas tive oportunidade de conhecer outras espécies que, tal como os azeiteiros, estão completamente extintas nas cidades mais pequenas (sim, é mesmo verdade!), chamemos-lhes portanto "exóticas". Espécies exóticas como: o sem-abrigo, o drogado, a prostituta abutre ou o taxista selvagem abundam nas florestas cimentares das grandes cidades. Pelo menos não são mortos por caçadores furtivos, os ambientalistas sempre ficam contentes e os ecossistemas continuam preservados, mas aqui só para nós, não me importava nada que viesse outro dilúvio ou outro cometa e contribuísse para o falecimento destes animalecos.
Mas onde está então o sofrimento emocional? Bom meus amigos, anos depois da minha migração, ainda falo disto!

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