sábado, 15 de agosto de 2020

Os anti-heróis que pensam que são heróis

Quem é que é racista? E quem é que é anti-racista?
Se respondeu sim a alguma das perguntas, muito possivelmente é um vilão!
O quê?? Sim! É verdade! Ser bom ou ser mau, não depende se estamos num ou noutro extremo, depende apenas se estamos no meio. Blasfémia!! A sério! Caro leitor, liberte a mente e acompanhe-me nesta viagem, mais ou menos maravilhosa...

Imagine que se encontra a passear na rua, possivelmente perto de um hospício, e depara-se com um (eu bem queria ser imparcial mas vou ter de classificá-lo de "maluco") maluco que ali, no meio da rua, pregoa ideias racistas. "Preto do caráculo!" ou "vai prá tua terra!" são algumas das frases proferidas.
Agora, tem duas opções: 1) ignora-o e continua o seu passeio; 2) discute com ele e possivelmente cria um pequeno momento de animação de rua ao estilo "Street Fighter"?
Vou-lhe dar algum tempo para pensar...
Já está?
Pense bem, pense na opção mais sábia que figuras de referência moral como Jesus Cristo ou o Dalai-lama ou o Capitão América tomariam...
Bom... Um anti-racista, que é o suposto "bonzinho" nesta história, escolheria a opção 2). Temos de proteger os ouvidos frágeis dos visados destas ideias, ouçam antes as minhas, as minhas é que são as corretas, e se não o fizerem... ahhh!!! Originando, claro, uma guerra! Ao que eu pergunto: então alguém que só quer o bem, não quer ódio nem discriminação, como é possível que opte por odiar e discriminar racistas, senhores? Segundo a liberdade de expressão, não terão os racistas o direito de profetizar as suas maluqueiras? É óbvio que têm! Tal como todos nós temos o direito (e o dever) de os ignorar... O pior que podemos fazer a um maluco (lá estou eu outra vez!) é ouvi-lo! Se o ignorarmos, ele cansa-se e deixa de fazer o que faz. Já se o enfrentarmos, meus amigos, let the games begin! Acredito que seja mais divertido, mas não é o mais correto se não estivermos a filmar um bom filme de ação. É assim tão difícil de entender, que violência gera violência, ódio gera ódio e merda atrai moscas da (e de) merda?

Compreendo que o leitor possa ser fã do Punisher ou do Dexter ou do Robin dos Bosques mas, o que é certo é que esses senhores não são heróis, mas sim, anti-heróis. E porquê? Porque aparentemente tentam fazer o bem... mal! Repare no negrito do verbo tentar.
Da mesma forma, quem é anti-racista quer privar de direitos quem é racista. E isso não seria bom? Numa abordagem neandertal sim, seria ótimo, menos pessoas que odeiam neste mundo! No entanto, ficariam por cá aqueles que odeiam quem odeia, ou seja, também odeiam!
Ahh pois! Esqueceram-se desse pequeno pormenor! E então, odiar, mesmo quem é bandalho é algo mau? Tecnicamente é péssimo, senhores! Porquê? Porque também têm o diabo no corpo! E ainda fica pior quando criam manifestações e organizações que publicitam esse ódio, mesmo que seja algo nobre, no sentido de provocar os malucos (é a última vez que chamo racistas de malucos, prometo).
Portanto: parem de criar organizações de ódio contra quem tem ódio, porque, (surpresa!) vocês também têm ódio! E não, não existe ódio justificável, meus amigos, ódio é ódio!

Portanto, se queremos parar com o racismo, só há uma coisa a fazer, e que no fundo é aquilo que define um verdadeiro super-herói: sermos tolerantes! Esse é o segredo! E isso implica não "ligar" ou "aturar" ou "estarmos-nos a cagar para" quem é racista (e também quem é anti-racista). É daqueles casos em que a virtude está no meio, entendem?
E agora perguntam: mas então significa que o melhor é não fazer nada e deixar andar?
Se não estivermos perante um crime, ora nem mais! Já o Bruce Lee dizia "sejam água", e estamos a falar de um estrangeiro que conseguia partir uma pessoa ao meio num segundo!

Eu sei que ter o super-poder da tolerância, para além de não ser fixe, não é para todos, mas, podemo-nos esforçar um bocadinho, ok? O leitor quer ser realmente um herói? Vamos lá! Basta não ligar quando não há perigo! (E se realmente quiser bater, com classe, em alguém, escreva!)

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