Como sabes agora está na moda ser-se escritor. Ah e tal, eu escrevo disto e daquilo mas só vendo livros porque sou reconhecido. E isto enerva-me porque, como sabes também sou escritor, muita gente vê o que eu escrevo, e não sou reconhecido! Eh pá, eu escrevo sinais de transito! Escrevi 10 sinais na A1 meu amigo, centenas e centenas de leitores por dia! Olha que ninguém se lembra disto. E depois há muita gente a dizer-me "ah, mas como não escreves livros, não tens criatividade e não sabes construir enredos. Meu amigo, eu fiz todos os sinais de distância para aquela terra que dá pelo nome de Coina! Quer dizer, já é meio caminho para ser argumentista da Anatomia de Grey não achas? Mas o pessoal não entende.
Mas bom, chateei-me e mudei de vida. Agora escrevo coisas mais divertidas: lápides. Eh pá, nem te digo nada a paciência que às vezes é preciso ter. Há pessoas que falecem com cada nome..enfim. Eu bem lhes digo: olhe, se você falece com esse nome, nem sequer ao purgatório chega, mas eles insistem! Ahh.."como se atreve" ou "é preciso ter lata", e eu, pronto está bem, falece lá com esse nome, mas depois não te queixes. Mas o pior não é isso. No Dia de Todos os Santos, as pessoas vão ao cemitério para recordar quem? Todos os santos? Não! Pessoas normais que faleceram. E como o fazem? Ah, vamos falar de tretas cor-de-rosa. Eu penso: ou minhas amigas, isto é um cemitério, não é um cabeleireiro. Esta andou com aquele e depois passou SIDA ao marido e teve bla bla bla bla..mas depois morreu, olhe..é assim a vida. Mas o que é isto? Já viste o que as minhas lápides têm de suportar? Para a próxima vou tentar ser mais "escritor" e escrever na lápide: desamparem-me a cova! Porra para este feriado pah! Desculpa lá esta linguagem mas estas coisas chateiam-me.
Cumprimentos,
Pedro
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