CarlosaxCritical Sketches - 10 anos!

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sexta-feira, 10 de abril de 2015

A minha vida é um filme (crónica)

Há pessoas (principalmente crianças impressionáveis e adultos sem a instrução cívica básica) mesmo muito românticas e sonhadoras que pensam que a vida real é igual a um filme. Mas terão razão?

Toda molhada (filme)
A rapariga fecha a torneira do duche. Vemos apenas a sua silhueta através da cabine. Close no tapete do duche, ao mesmo tempo ouvimos a porta da cabine abrir, ela sai e pousa os pés no tapete. A câmara vai subindo, vemos as pernas. Vemos depois a toalha com que ela acabou de se tapar, paramos com um close na cara dela. É bonita. Ela avança. Corta para o corredor. Vemos a rapariga a dirigir-se para o quarto, com um andar sensual, como se de uma gata se tratasse.

Toda molhada (versão real)
A porcalhona saiu do duche a pingar, e molhou-me a porra da casa toda! Mas que merda é esta? Nem a válvula da sanita que rebentou a semana passada, e que fez da casa de banho um centro de banhos romanos, fez tanto alarido. Depois, como bom dono de casa que sou, obriguei-a a pegar numa esfregona e a limpar aquela merda toda.
Recomendação real: o cidadão real deve limpar-se com a toalha antes sequer de sair do duche, evitando assim males maiores. Ah mas a pele para se hidratar tem de secar naturalmente.. Eh pá, quando inventaste isso já eras dono de casa ou eras estagiário na Nivea, a viver na casa dos papás que limpavam sempre o WC quando o menino saia de lá, porque parecia que tinha andado a jogar Jumanji lá dentro? Então cala-te pah!


Noite (peitoral) à Dr. Bayard (filme)
O homem deitou-se na cama com um neo-pijama másculo - entenda-se, apenas de cuecas. (Isto para mostrar, claro está, todo o trabalho de ginásio do actor, perante o público, e também para fazer publicidade à marca de roupa interior, cujos clientes são na sua maioria gays.) Na manhã seguinte, acordou, e levantou-se da cama nos mesmos preparos.

Noite (peitoral) à Dr. Bayard (versão real)
O homem (possivelmente por desconhecimento) não possuí pijama no seu inventário, e como tal só dorme de cuecas. Na manhã seguinte acordou com o peito frio, constipado, e com os testículos torcidos. Foi a coxear para as urgências.
Recomendação real: o cidadão deve usar pijama (roupa especialmente desenhada para o habitáculo "cama", sim, já existe e está disponível numa loja perto de si) deixando, se possível, as zonas mais sensíveis à rambo a fim de evitar amarfanhamentos (aplicável tanto aos machos como às fêmeas).
Pijama? Eh pá, se até para a porra de um concerto de metal vestem roupa especial preta, porque raio não hão-de fazê-lo, para quando dormem?? Santo deus...


Romance no novo quarto (filme)
O casal, jovem, pinta alegremente o seu novo quarto, na sua recente adquirida habitação. Ela, marota, pinta-lhe o nariz com o pincel. Ele riposta marcando-lhe as mãos na cara. Começam a beijar-se, rebolam pelo chão atirando com as latas de tinta ao chão. Ficam da cor com que as paredes já deveriam estar.

Romance no novo quarto (versão real)
(O polícia que encontrou dois cadáveres, e que ao início pensou serem palhaços envolvidos num crime circense, acabou por escrever um filme baseado na história verídica. É óbvio que a causa do falecimento foi morte por intoxicação e parvoíce.)
Recomendação real: os cidadãos (à excepção dos gunas, azeiteiros, skinheads, jihadistas e drogados) não devem consumir produtos tóxicos.


Convívio jovem (filme)
Estamos numa festa. Vários jovens, contentes, dançam e saltam ao som da música. Corta para momento em que fazem karaoke. Vemos um relógio que marca 2 da manhã. Os jovens, agora jogam cartas, riem-se alto. Corta para cena em que o guitarreiro profissional do grupo canta para os amigos, acompanhado pelo batuqueiro de serviço. Close em cervejas. Close num casal jovem embriagado e a beijar-se. Corta para cena em que todos estão a dormir distribuídos pela sala, com o sol a irromper pela janela.

Convívio jovem (versão real)
Aqueles cara%%os não se calam! Já é de madrugada e continuam a falar alto, quais hipopótamos com febre tratados por um veterinário míope e bipolar, que comprou supositórios da marca (militar) "obus". Vou chamar a polícia.
Em relação ao dormir de dia, fica no ar a pergunta: mesmo depois de anestesia geral, será mesmo possível dormir com uma luz a bater nos olhos tal, que parecem 50 carros com faróis xenon abastecidos por uma central nuclear? Até o nervo óptico já apresentou a demissão!
Recomendação real: o cidadão real deve deixar as festas madrugais para os estabelecimentos devidamente autorizados. Esta recomendação é especialmente reforçada, se tiver como vizinho o Dexter ou o Hannibal.

Portanto, como o leitor teve o prazer de apreciar, a ficção designa-se dessa forma por alguma razão. Não, não existem tapetes voadores. Não, não existem quarentonas como a Claudia Schiffer. Não, não existem prostitutas como os filmes de Las Vegas. E não, também não existem pessoas com 7 vidas. Por outro lado, sim, existem consequências, doenças, problemas e falecimentos...
Daí que, vamos deixar a amigalhaça ficção, ficar no mundo encantado dos sonhos e na vida de um surfista profissional... Entendido?

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