Imigrantes, emigrantes, a direita e esquerda totós

Emigrante lusodescendente liderou os coletes
amarelos, integrando a cultura
francesa da javardice

Olá, olá! Há quanto tempo! É verdade, cá estamos para mais uma sessão descontraída depois de uma não-merecida ausência. O tema de hoje: política de migrações.

Estão a ver aqueles indivíduos que, sabe-se lá porquê, querem explorar novos mundos em busca de uma vida melhor? De mais dinheiro e qualidade de vida? Sim, os migrantes. Agora imaginem só, que eles decidem ir viver para a sua cidade. Até aí, nada de mal, certo? Se forem demais, é que já começa a ser um problema, tal como quando há turistas a mais e alojamento local a mais, estão a ver? É que não se pode andar na rua descansado, tanta gente a tirar fotos de um lado para o outro, não se consegue comer num restaurante, porque aumentaram todos os preços para roubar os turistas, e também não se consegue arranjar casa para viver, a não ser que se invente uma desculpa de que somos nómadas digitais. Tudo por culpa dos turistas, catano! Mas não falo de turistas, falo de indivíduos que vêm para ajudar e não para prejudicar, que não exigem salários altos e até pagam impostos! Incrível! Que força de super-heróis é esta? Falo dos imigrantes. Não, não têm de ter todos curso superior, até porque se para construir um prédio normalmente são só 4 gatos tugas pingados, imagine todas as pontes, linhas de comboio, aeroporto e metro que se querem fazer ao mesmo tempo, com quem poderemos contar, com o empreiteiro Tó Martins e os seus primos? Ou com todos os engenheiros que saíram da faculdade na última década? Irão eles amassar cimento e martelar pedras e acabar em 10 anos aquilo que uma força de 1000 chineses faria em 2? Vamos ser realistas, estes "Avengers" são os imigrantes!

Mas calma. Talvez haja uma alternativa, e os emigrantes? Que nas mesmas circunstâncias foram lá para fora. Foi exatamente igual. Lá se integraram e alegadamente lá auferem salários pomposos, ou pelo menos assim querem que nós pensemos, e mesmo que estejam todos endividados e sejam da ralé francesa ou suíça, todos os verões lá vêm eles com os seus Mercedes ou BMWs alterados, só para nos dizerem "estão a ver? Consegui! Fui para fora e agora tenho este carrão, catano". Parabéns, de facto um grande feito. Por cá o pessoal, depois de conseguir arrendar uma mansão T0 por 1 milhão*, só consegue, no máximo, um Seat, e eles, depois disso, conseguiram Mercedes ou BMWs! O problema é que ficaram a perder em termos de clima, gastronomia e cultura, porque por cá são melhores. Bem, a cultura é mesmo melhor, toda aquela má condução e javardice que vemos todos os santos verões perpetradas por matrículas estrangeiras, por cá, torna óbvio que esta malta esqueceu-se do que era ser português. E, para piorar, a invasão anual culmina na compra de casas secundárias, privando os de cá de terem a sua própria habitação, e também no caso psiquiátrico da eleição de deputados do Chega como quem diz "lixem-se e que não aconteça no meu país natal o mesmo que eu provoquei ao meu país de acolhimento!". Granda lata, não é? 

E é esta lata (das grandes, de 5 litros), que é o cavalo de batalha da extrema-direita: os imigrantes são o princípio do mal. Eles têm razão se considerarmos que falamos dos nossos imigrantes que foram para lá, emerdaram-se e depois regressaram. Tal como quando um camião de uvas faz uma viagem muito longa: no fim não temos uvas de mesa, mas sim uvas de merda! Meus amigos, enganaram-se na letra, o problema não são os Imigrantes mas sim os Emigrantes! Esses é que não são bem-vindos. Ok, fui um pouco violento, perdoem-me, podem-me visitar à vontade, mas só lhes peço que respeitem a nossa cultura, que já se esqueceram. Não andem a 180 na autoestrada, isto não é a Autobahn, é a Autoestrada. Não andem na via do meio ou da esquerda, isto não é os EUA, é Portugal, aprendam as regras: CIRCULE PELA DIREITA! Não andem com armas no bolso, isto não é o Texas, é Portugal. Não invadam os nossos hospitais públicos, têm dinheiro, vão aos privados. Nem invadam os nosso bancos ou serviços públicos, usem a app, Portugal é dos países mais avançados em e-gov. Não comprem casas que não precisam, deem uma oportunidade a quem cá vive de ter a sua casa!* Nada de acampar no meu da praia ou do campo, não somos animais, têm dinheiro para pagar um alojamento local, ou durmam no Mercedes ou BMW! É simples, respeitem a nossa cultura, a cultura que já esqueceram, pode ser?

Para concluir, não nos vamos esquecer que os emigrantes são os mesmos que se queixam daqueles de quem lhes veio ocupar o lugar. Foram embora, precisávamos deles, mas foram embora, como um filho mau que não quer cuidar dos seus pais. Vêm outros fazer o seu trabalho e eles queixam-se! Serão ciúmes? Que grande lata! Deixem os imigrantes em paz, queixem-se é dos emigrantes!

* Pequena nota relativamente à habitação: é muito simples de resolver o problema. Basta que os vendedores/proprietários sejam obrigados a apresentaram o valor real da habitação, o valor das finanças que paga IMI. Assim, as casas teriam sempre 2 preços: o da venda e o real. E depois, os compradores decidiriam, livremente, dentro das regras do mercado, o quanto queriam ser aldrabados! Iriam ver, quantos vendedores/proprietários iriam aprender a lição básica de economia anti-palermas!