Se estivermos a falar de uma manifestação circense, gosto! Mas a maioria é chata, aborda temas sociais e políticos! E portanto, o que se ouve e vê - porque o pessoal também gosta de cartazes - é: "sou contra isto!" ou "sou a favor daquilo!" ou "abaixo aqueloutro!". Tudo bem, as pessoas querem expressar-se, querem falar com alguém, mas como (possivelmente) esse alguém não as quer ouvir, vão para a rua falarem sozinhas.
Bom, mas tirando a parte do "show", vamos à parte das consequências, que é aquilo que no fundo se quer. Imagine o caro leitor que ia ser despedido injustamente. Tem 3 opções:
- Falar com a entidade patronal ou com a ACT
- Fazer greve
- Fazer uma manifestação
Vou-lhe dar um tempinho para escolher uma e só uma opção...
Já está?
Vamos então ver as consequências de cada uma:
- Muito possivelmente alguma ação em concreto iria ser tomada em seu benefício se escolhesse "falar". Ou a empresa pagaria multa ou seria obrigada a não o despedir, ou, quiçá, seria invocado o Espírito Santo e ganharia um novo emprego como bispo! Não interessa, certamente resultaria em algo! Parabéns! Foi claramente a escolha acertada!
- Se optar por fazer greve, muito possivelmente o empregador estar-se-ia a cagar para si... E, como iria ser despedido, este já deveria ter um substituto em mente... Enfim, seria uma perda de tempo, excepto claro, para os sindicatos que têm nas greves a sua atividade principal! Se for sindicalista, (lamento e) parabéns!
- Se for ousado e optar por fazer uma manifestação, além de provocar uma dor de cabeça a várias entidades, muito possivelmente a única coisa que conseguiria arranjar seria uma página de Facebook de apoio à sua situação com algumas centenas de gostos... Seria famoso por 1 dia... Teria uma experiência incrível (melhor do que as da Odisseias) mas, depois... continuaria tudo igual!
É precisamente neste último ponto que gostaria de me debruçar: porque raio existem manifestações?
Se forem arruadas compreendo, quem assiste, fica impressionado, e poderá votar em quem organizou o espetáculo! Agora, sendo coisas genéricas e etéreas como "paz no mundo" ou "a favor da humanidade" ou "contra o inseticídio dos insetos domésticos" ou "contra o racismo"... a única pergunta é: porquê? Fará realmente alguma diferença??
Meus amigos, se querem mudar algo, têm de falar diretamente com quem tem poder ou com quem é a fonte do problema, entendem? Agir diretamente? Por exemplo, é aquilo que se costuma fazer nas eleições, é uma forma do povo "falar" e "fazer"... Ahhh, ok, já entendi... Muito possivelmente nesse dia estes senhores decidiram ir à praia e agora só lhes resta queixarem-se na rua... pois bem, temos pena. Mas, ainda assim, têm opções! Ainda assim, mesmo sendo meios-cidadãos, sabiam que podem falar diretamente com quem nos governa?? É verdade! Eu sei que é incrível, porque antigamente contactar com o nosso monarca era impossível a não ser que se fosse conde, mas, agora, qualquer deputado ou ministro está contactável! Experimentem enviar-lhes emails ou cartas! Funciona melhor do que podem pensar! E até resulta melhor do que fazer espetáculos de rua! A sério! Bora lá usar as nossas armas reais de cidadão democrático? A proatividade e os ofícios? Pessoal (e Buzz Lightyear), ajudem-me neste grito: mudança a sério... aqui vamos nós!!!
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