(Des)Igualdade de género

A Vida do João
- Olá papá. Queria ser astronauta e piloto de caças e empresário e bombeiro e futebolista!
- Claro que sim, filhote! Mas tens de começar já a trabalhar para isso!
- Olá mamã. Queria ser astronauta e piloto de caças e empresário e bombeiro e futebolista!
- Boa, Joãozinho! Vai arrumar os brinquedos, vai!
- Está bem, mamã!

(20 anos depois)
- Olá Sr. Dr. João! Como estás?
- Estou bem, caros papas. Estou a caminho do Algarve para meter botox numa esposa de um jogador de futebol que acha que fica melhor assim, a parecer uma apicultora que rompeu o véu por acidente...
- Já atestaste o teu BMW?
- Ahahah! Mamã, agora funcionam a eletricidade e são carregados na autoestrada!
- Ah, pois é filho! Bem ditos homens que sonham com coisas impossíveis e depois fazem-nas acontecer!
- E tenho uma surpresa para vocês! Comprei bilhetes para irmos ao espaço!! (Que, por acaso, se tornou possível devido a empresas fundadas por homens)
- Que bom!! Obrigada, filho!

A Vida da Joana
- Olá papá. Queria ser astronauta e piloto de caças e empresária e bombeira e futebolista!
- Claro que sim, filhota! Mas tens de começar já a trabalhar para isso!
- Olá mamã. Queria ser astronauta e piloto de caças e empresária e bombeira e futebolista!
- Tu estás é parva! Tens é de arranjar um bom marido que goste de ti (não precisas de gostar dele, porque és tu quem vai ser adotada) e ser uma boa dona de casa! E se puderes fazer o mínimo possível, melhor. Deixa o trabalho maior para os homens, não sejas tonta!
- Está bem, mamã...

(20 anos depois)
- Olá Joaninha! Como estás?
- Estou bem, caros papas. Estou no Algarve a passar uns dias para me meterem botox aqui numa clínica. Quero impressionar o meu Ruminaldo que foi jogar a Barcelona!
- Já atestaste o BMW do teu marido?
- Ahahah! Mamã, eu tenho motorista quando ele não está no país, ele trata disso. Aliás, tenho a carta mas acho que já nem me lembro de como se conduz...
- Ah, pois é filha! Bem ditos homens que fazem tudo por nós e nos sustentam. Lembras-te do que te dizia? Estás feliz, não estás?
- Eu acho que ele me anda a enganar... Mas também não me queria divorciar, como casámos com separação de bens, ficava sem nada... Não queria ir para o desemprego (até porque não tem direito porque não tem profissão a sério; sim, é um homem, mais uma vez, que tem de falar por ela, haja paciência!)...

TPC para o leitor:

• que tipo de vida escolheria e porquê?
• será que o género dos sujeitos limitou-lhes as opções ou terá sido o género dos outros que os limitou?

Pensem nisso na próxima vez que vos falarem em igualdade de género!

Astronautas e astrogaitas

Há quem diga que nestes últimos tempos o Jeff Bezos e o Richard Branson tiveram os seus egos insuflados. E de que maneira! Lá fizeram bungee jumping invertido e lá foram ao espaço. E claro, os que têm dor de cotovelo começaram logo ah e tal, gastam o dinheiro a ir ao espaço e não sei quê.. Bem, não há mal nenhum nisso, vale mais ir ao espaço e fazer avançar a ciência e a tecnologia, do que comer ovas de peixe ou comprar Ferraris e Lamborghinis que ficam fechados em garagens, e isso sim, é pura insuflação de ego polvilhada com uma tremenda carrada de narcisismo numa cama de presunção e com molho de vaidade aromatizado com egoísmo.

Mas o problema que me trouxe aqui não foi esse, foi o facto de os turistas espaciais passarem a ser designados de "astronautas". Meus amigos, se eu andar numa montanha russa será que passo a ser atleta de bobsled? Ou se fizer uma viagem de avião será que passo a ser piloto da força aérea? Ou se saltar de paraquedas atrelado a alguém, também passo a ser paraquedista? Ou se fizer paintball será que também passo a ser militar das forças armadas? Estão a ver onde quero chegar, certo? O que se impõe é: quem é que foi o idiota que teve esta ideia?? Como diz o outro: tenham noção! São astroristas ou turistonautas ou astroturistas... uma merda qualquer! Tudo menos "astronauta"!

Atenção que esta não é a mesma situação do ensino superior pré ou pós Bolonha. Não estamos a falar de licenciaturas que antes eram bacharelatos, nem de mestrados que antes eram licenciaturas. Tocar levezinho no espaço nem sequer corresponde a concluir a creche do espaço! Ora, quando os descobridores lusitanos partiram à aventura e acharam o Brasil e descobriram o caminho para a Índia, assim como os astronautas (os reais!) que ficam dias em órbita a cagar para um tubo e a comer ração, esses sim, merecem uma designação especial. Assim, nem os descobridores foram marinheiros, nem os marinheiros são descobridores. Da mesma forma, os astronautas não são meros pilotos, nem os passageiros espaciais são astronautas!

Portanto, se o leitor comprar um bilhete para visitar o espaço, meta na cabeça que nem passa a ser astronauta nem pode por no currículo que é astronauta, ok? Não o faça, por respeito por quem o é e para evitar uma epidemia de estupidez pegada! Tenham juízo, por amor da santa!

Aventuras e vida social de (quase) James Bond

A quantidade de pessoas que se querem divertir com uma companhia ocasional fascina-me. Pela negativa, obviamente. Dizer "eu gosto de conhecer pessoas novas!" ou "estou de visita à tua cidade, não me a queres mostrar? (sendo que «tu» é qualquer pessoa especial no meio de 500000 possíveis)" ou "estou à procura de algo casual" fazem parte do léxico, possivelmente, único, destas... vamos designá-las por "pessoas".

Bem, se o conceito de ser viciado no "casual" fosse aplicado ao emprego, seriam "pessoas" que não se importariam de trabalhar a recibos verdes para todo o eterno sempre. Para quê ter um contrato aborrecido a termo certo ou incerto? Se fosse aplicado à alimentação, seriam "pessoas" que tirariam um bocadinho de tudo do que um restaurante tem para oferecer e consumiriam um rodízio de pica-pau com sopa, carne, peixe, legumes, fruta, insetos e sobremesa num só e tudo junto e rápido que o fim do dia está-se a aproximar e já estão a pensar na diversão seguinte!! A vida são só 3 dias... e 12 meses... e, com sorte, 90 anos... portanto, para quê não consumir tudo rapidamente e de uma só vez e desfrutar de tudo à maluca e já, agora, now??!!

Mas bom, precisam de companhia? Porque não arranjar um cão ou um gato? Não seria melhor, mais acessível e conveniente? E até estariam a dar liberdade a animais presidiários! Ou porque não alugar acompanhantes? Sempre seria mais direto e honesto!
Precisam de se divertir? Porque não ir à Disneyland? Até porque é um local que dispõe de sítios que, literalmente, se chamam de "diversões".
Querem visitar uma cidade com um "casual" local? Existem guias que se podem alugar! E até são profissionais nisso!
Ah! Ok, não têm dinheiro e estavam a pensar pagar toda a aventura e diversão com sexo, não era? Bom, então, se calhar, deviam considerar uma profissão nova! Literalmente, porque só têm dinheiro para transporte, que por si só não é turismo, e porque com tantas "entrevistas de emprego" e gosto pela "arte", a profissão mais antiga do mundo seria, certamente, a escolha ideal! Fica a sugestão.

PS:
Ahhh... mas, mas... estamos à procura de um James Bond. Ele não é real!
Mas... mas... nós queremos ser James Bondes... Está bem, mas ele não faz essa merda!

Este mundo não é para honestos

Alguém sábio disse uma vez: a base da sedução é o engano. Isto levou-me a pensar: então, e aqueles que não gostam de enganar, mais conhecidos como honestos, como seduzem? Bem...

O homem comum comporta-se como se fosse um conde do Mónaco. Pode estar desempregado e ser um desgraçado, mas, quando se trata de conhecer uma mulher transforma-se num ricalhaço capaz de lhe oferecer tudo e mais alguma coisa, incluindo todas as despesas do encontro a fim de demonstrar que tem capacidade financeira para lhe sustentar os caprichos. Até pode optar por um encontro romântico no McDonald's em vez de um restaurante que o badocha do Michelin diz que é bom e "acessível", no entanto, há de escolher um "Menu Signature Cogumelos" em vez de um mero e forreta "Happy Meal"! Que mãos largas!

Já a mulher opta pela falsificação dos seus atributos físicos. Se é obesa, aperta-se num espartilho que lhe esborracha a preguiça física. Se tem glândulas mamárias masculinas, mesmo não precisando de sutiã, coloca-lhes umas almofadas e está feito um disfarce melhor do que o Arsène Lupin poderia inventar!! (Yey! Há muito que queria usar isto numa metáfora!) Por outro lado, até pode nem saber o que é um batom, mas num encontro até é capaz de contratar um maquilhador de Hollywood, nem que seja um filtro do Instagram, para que, mesmo que seja um alien, pareça uma princesa!

Depois, ambos os casos "abrem a embalagem" e descobrem que afinal de contas o conde do Mónaco é apenas o Zé da Rua da Trabeca e a modelo de corpo esculpido foi afinal esculpida por um escultor embriagado e vesgo que confundiu a Vénus de Milo com a Vénus de Willendorf! (São ambas Vénus mas são muuuuuito diferentes, homem!)
Até aqui, pergunto-me: como é que não pedem reembolso ou deitam os "produtos" na reciclagem? Bem, se calhar dá muito trabalho e, claro, também não podemos ser consumistas demais, não é?
No entanto, e no lado de lá? Como ficam os honestos? Que lugares lhes restam? Com que vida ficam? Afinal de contas a única diferença é que são "produtos" já desembalados, são venda a granel! Porque é que ninguém gosta de comprar coisas assim? Eh pá, o que é que isso interessa, homem! É na embalagem que está o marketing, pá!
E toca a andar que tenho de ir aturar os meus milhões de seguidores (revirando os olhos)!