CarlosaxCritical Sketches - 10 anos!

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quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

Crítico de Sofá

Certamente que o leitor está familiarizado com os "treinadores de bancada", aqueles indivíduos aborrecidos, que cospem bitaites ao sabor do vento já considerados há milénios pelos treinadores (a sério!), e que quando lhes propõem para faz melhor, fogem como uma criança foge de beterraba cozida? Pois bem, vamos então analisar uma nova classe (des)profissional: os críticos de sofá.

Qual a grande diferença entre um treinador de bancada e um crítico de sofá? Começa logo com a exposição e a atenção que lhe dão. E porquê? Porque enquanto o bafo de um treinador de bancada apodrece ao fim de 1 cm, aquilo que um crítico de sofá expele, perdura para sempre, e na maioria das vezes, até é emoldurado pelos grandes meios de comunicação social.
E quem são então estes senhores? Bom, são os "críticos profissionais" contratados pelos jornais e pelos meios de comunicação.
Mas - pergunta o caro leitor - ser "crítico" é uma profissão? Tenho as minhas dúvidas, mas vamos considerar que sim.
E então - pergunta de novo o leitor - quem deverá estar apto a fazer críticas? Bom, era precisamente aqui que eu queria chegar, mas antes, vamos analisar uma outra coisa...
Vamos considerar um filme X, que, só por acaso, está nomeado para 8 Óscares... portanto coisa pouca, ou como o Steven Spielberg diria: "só??". O filme X foi então vistoriado por um "crítico", e esse mesmo "profissional" deu-lhe a nota 2/5... ou seja, trocando por miúdos, é uma "merda". Ora, o leitor agora pensa: estarão os profissionais do cinema em complô para que uma "merda" seja enaltecida? Ou... será o "crítico profissional" um mero "opinador"? Lá está! Eu inclinava-me para a 2ª opção... que muito possivelmente está certa (e nem precisamos de ajuda do público).
E assim, vamos continuar, e agora sim, vamos responder à pergunta: quem deverá estar apto a fazer críticas?
Bom, se o facto de comer todos os dias, não me torna um inspetor das estrelas Michelin, ou... se tirar selfies todos os dias, não me torna um curador, ou... se conduzir todos os dias não me torna num piloto; certamente que ver muitos filmes não me torna num crítico, mas sim, num fã de cinema! Por outro lado... se cozinhar todos os dias, já poderei avaliar um restaurante, ou... se souber usar as centenas de funcionalidades da minha máquina fotográfica com uma lente maior que o Hubble, já poderei gerir uma galeria, ou... se tiver recuperado o meu próprio carro, já poderei ser crítico na Motor24; e assim, se for um autor, ator, realizador, produtor, talvez tenha capacidade para ser crítico de cinema!

Falámos de cinema, mas poderíamos falar de música ou literatura. Um crítico, deveria ser alguém que liderasse a busca por algo incrível e algo novo, alguém que nos guiasse para encontrar o melhor, aquilo por que procuramos, o Vasco da Gama da sua área, para que no meio de tanta coisa, as pessoas consigam escolher aquilo que mais gostam, e claro que é assim, certo? Claro que... não! Em dezenas de coisas que saem todas as semanas, só analisam 1 ou 2 que lhes pagam para criticar... E é isto, senhores...

Ahmm... eu não queria chegar a este ponto, mas vejo-me na obrigação de ensinar o que é ser crítico. Fiquemos então com "crítico para totós":
Imagine o leitor, que quer comprar um par de meias (e sim, estamos muito longe do Natal, portanto não podemos confiar na lotaria das prendas!)... e consulta a internet na esperança de encontrar uma boa crítica que o ajude a escolher o par ideal! Mas... apenas encontra um fórum, em que: um diz que não gosta porque são cor-de-rosa, outro diz que adora porque são quentes, e outro que se romperam quando fez esqui no asfalto... Tristeza e inutilidade condensadas num frasco de fezes, certo?
Porque uma crítica não é uma opinião! Eu, nós, o público, não quer saber se o fulano gosta ou deixa de gostar, apenas quer saber se, ELE, pode ou não gostar! Portanto, um crítico de meias, ou seja, alguém que eventualmente é costureiro (profissionalmente ou como hobbie), dirá que: a malha é resistente e térmica adequada para o inverno, contudo por ser cor-de-rosa não convém ser usada em eventos formais, e... eventualmente após alguns testes dará uma nota, que não é a sua opinião, mas, uma análise que fará com que o comum mortal, as compre ou não! É assim tão difícil de entender??

Senhores: onde estão os críticos profissionais?? Precisamos de vós!!