Vamos começar por apresentar o Toni.
Toni é um jovem adolescente que quer tirar um curso, quer ter uma profissão incrível. Depois de analisar todas as possibilidades, decide que por razões financeiras terá de estudar numa das universidades da cidade onde vive, que é Lisboa, embora gostasse mais de ir para o Porto ou Paris. Então, tira o curso continuando a viver na casa dos seus pais.
E a Mimi?
A Mimi está na mesma situação só que não vive em Lisboa, mas felizmente na sua terra existe um Politécnico, que faz parte da rede nacional de instituições de ensino superior espalhadas por todo o território nacional que oferecem soluções educativas que evitam a migração interna e ficam mais em conta no caso de haver restrições orçamentais. Assim, faz os estudos superiores na sua cidade, continuando na casa dos seus pais.
Mais tarde, já formado, decide arranjar emprego. Depois de analisar todas as possibilidades, decide que por razões financeiras o emprego terá de ser encontrado na cidade onde vive, que é Lisboa, embora gostasse mais de emigrar para o Porto ou Paris. Então, começa a trabalhar continuando a viver na casa dos seus pais.
A Mimi segue o mesmo caminho e arranja um emprego na sua cidade. No entanto, quer ser independente e, ao contrário do Toni, consegue comprar um pequeno chalé T6 no meio da floresta recentemente esturricada da sua aldeia (pertíssimo da cidade!). Toda a gente pensava que a casa se desvalorizava por causa da paisagem de planeta Marte onde ficou e da zona do país onde está, pelo que aproveitando as ideias malucas dos "mercados" ela aproveitou e comprou-a a preço de saldo: 60.000 €.
Como entretanto o Toni encontrou o amor da sua vida, decide casar-se para poupar alguns trocos com o IRS. Ao analisar a possibilidade mais plausível, que seria comprar a casa do tio, cujo PVP (Preço de Venda ao Público), o qual é calculado tendo em conta os custos de construção, e que normalmente só desce porque uma casa só envelhece, e quando sobe a razão está associada a uma remodelação com madeira australiana ou paredes adornadas com tinta dourada usada em sacristias, sabendo que o tio não fez qualquer remodelação chique, sabe que 10 anos depois de ter comprado a dita cuja casa T2 que lhe custou 60.000 €, hoje, certamente custaria 40.000 €, atirando ao ar, porque não é consultor imobiliário, claro, no entanto, ao ver o preço que o tio exige, reparou que agora custa 200.000 €. Santo deus, diz o Toni! Que raio é que o tio terá feito à casa?? Será que construiu uma Batcave ou um búnquer suíço na cave?? Decide telefonar-lhe a perguntar porque é que custa tanto! Estará maluco?? O tio responde-lhe: porque agora vale isso. Mas tio, nem o Euro desvalorizou nem passaram 60 anos, nem, alegadamente, ficaste senil, porque é que agora vale isso? O tio responde-lhe: porque disseram-me que valia isso. O Toni insiste: mas tio, as coisas valem aquilo que nós achamos que valem, por exemplo, as suas cuecas de domingo não valem nada para mim, mas para si valem o mundo porque são as únicas que tem. O tio mandou-o para um sítio parecido com o Cairo e desligou a chamada. Depois, o Toni decidiu perguntar ao pai por quanto venderia a casa, se pelo PVP (semelhante ao preço que ele pagou) ou se, tal como os "mercados" e o totobola, atirava a moeda ao ar e decidia um valor à toa? Ele disse-lhe que possivelmente faria um leilão holandês a sério, que é quase o que estão a fazer atualmente só que à velocidade alentejana. Portanto, continuou: espera que o meu irmão faça a próxima licitação.
Até hoje, o Toni continua à espera que vários proprietários sejam mais rápidos nos leilões holandeses que têm feito e que haja algum com um bocadito mais de inteligência que rebente com a concorrência ao fazer um desconto especial.
Mas isso não interessa, porque o amor da sua vida afinal era a Mimi, ele mudou-se para a sua mansão e trabalha remotamente no sítio mais relaxado do mundo! Viveram felizes para sempre? Sei lá, mas para já, porque não?