Ora aqui está uma palavra que merece ser dissecada (apenas, para analisar o seu verdadeiro significado... nada de matar uma palavra indefesa!): preconceito.
Pegando nos ensinamentos do mestre Gustavo Santos, preconceito, é uma palavra constituída por "pre" e "conceito". Ou seja, é um conceito, previamente criado, a partir de experiências ou ensinamentos passados, sobre algo. Daí que, quando alguém diz "és tão preconceituoso" está literalmente a dizer "és tão culto". É portanto um grande elogio. O que acha do nhonhonhuno que mais ninguém conhece? Bom, eu, como sou muito preconceituoso em relação a esse ser, acho que o nhonhonhuno é mal educado e cheira mal! E portanto, os exploradores do National Geographic, quando se depararem com este animal desconhecido, já saberão que devem usar máscaras de proteção e não o devem chatear. E tudo, graças a um teórico, que teve a oportunidade de o conhecer e de formar um preconceito sobre o dito cujo. E no caso dos animais selvagens, acreditem, as primeiras impressões são as que contam!
Portanto, fará algum sentido considerar o preconceito como o grande bandalho do século XXI?
Bom, uma coisa tenho a certeza: se os humanos não fossem preconceituosos, já estavam extintos há muito! Porquê? Imagine o leitor que está em plena 2ª Guerra Mundial. É judeu francês, e vê um soldado nazi a vir na sua direção. Ora, se for - como a maioria das pessoas - preconceituoso, foge, e desta forma evita um futuro certo de falecimento. Por outro lado, se for "boa pessoa", vai passar férias a um campo de concentração. Mais simples, está a caminhar na rua, de noite, e depara-se com um grupo de indivíduos com ar de bandalho. Ora, tendo ouvido as lendas ancestrais transmitidas pelos avós, não é preciso nunca ter sido assaltado, para saber que se calhar o melhor é fugir ou evitar tal grupo. Se calhar eram só amantes do tunning ou jogadores de futebol, mas, mais vale prevenir! E assim, acabei de salvar 2 vidas com estes exemplos em que fui muito preconceituoso! De nada, não precisam agradecer...
Meus amigos, não vamos ser hipócritas. Se por experiência ou lenda, sabemos que um indivíduo com ar de bandalho, provavelmente é bandalho, uma mulher com ar de prostituta, possivelmente é uma colmeia de SIDA, ou um grupo de ciganos a tomar banho numa fonte pública, possivelmente é um grupo de ciganos a fazer algo que não é socialmente aceite, então é porque provavelmente estamos certos. Mas então, onde está o verdadeiro o mal nisto tudo?
Tirando a cadeira ao Bloco de Esquerda, vou exigir que se deixe de discriminar a palavra "preconceito"! Porque o problema não está aí. O problema está em ser "bandalho"! Uma coisa é pacificamente alguém prever que existe uma probabilidade de 1% em encontrar fezes numa piscina frequentada por ciganos, ficando portanto prevenido para tal situação... Outra é alguém dar uma carga de porrada a todos os ciganos que vê à frente, só porque sim. Enquanto que a primeira dá-nos a oportunidade de sermos surpreendidos pela positiva, porque possivelmente é algo que não vai acontecer, embora possa... A segunda, deve-se simplesmente ao facto de termos tido como tutores, professores nazis ou o Quintino Aires, que fez de nós péssimos humanos. Portanto, a frase de luta não deve ser "não seja preconceituoso" mas sim "não seja bandalho com quem ainda não conhece".
(Para aprender a ser melhor pessoa, consulte um nobel da paz perto de si ou, e sendo preconceituoso, quem educou aqueles que não têm cadastro.)
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